domingo, 14 de junho de 2009

MINHA PASSAGEM PELO TEATRO.

SEMPRE TIVE A CERTEZA DE QUE MAIS CEDO OU MAIS TARDE, ACABARIA BATENDO NO TEATRO. GOSTO DE TEATRO, MESMO ANTES DE SABER O QUE SIGNIFICAVA.
DESDE A INFÂNCIA, VENHO RECEBENDO CONVITES: NO COLÉGIO, NA IGREJA, NA FACULDADE, QUE POR UMA LIMITAÇÃO, NUNCA HAVIA CONSEGUIDO FAZER.
QUANDO JÁ ESTAVA NA UNIVERSIDADE, FAZENDO ADMINISTRAÇÃO, VI UM CARTAZ ANUNCIANDO UM CURSO LIVRE DE INTERPRETAÇÃO COM PEPE, DEPOIS DE MUITO RUMINAR A IDÉIA, TOMEI CORAGEM E FUI FAZER O CURSO, LEVANDO A DESCULPA DE ESTAR FAZENDO POR TERAPIA, JÁ CHEGUEI LOGO FALANDO QUE NÃO TINHA A MENOR PRETENSÃO DE SER ATOR QUE O MEU OBJETIVO COM O CURSO SERIA UMA MANEIRA DE MELHORAR PROFISSIONALMENTE E TAMBEM COMO PESSOA.
LOGO NO NOSSO PRIMEIRO ENCONTRO, ROLOU UMA PERFEITA QUIMICA , UM GRANDE ENTROSAMENTO ENTRE TODOS OS PARTICIPANTES: A SERENIDADE DE MARCONI, A GRACIOSIDADE DE FELLIPI, O HUMOR DE ALINE E ADÃO PORCI, A ANIMAÇÃO DE BRUNO E O MEU PARCEIRO NA MAIORIA DAS CENAS LEONARDO. ISSO SEM ESQUECER OS QUE DESISTIRAM NO MEIO DO CAMINHO: A EXPERIENTE BETI, E O TALENTOSÍSSIMO EUSÉBIO, COM QUEM EU SONHO EM TRABALHAR UM DIA, SÃO ALGUNS EXEMPLOS DESSA TRUPE GENIAL.
AS SEMANAS IAM PASSANDO E EU ME APAIXONANDO CADA VEZ MAIS PELO TEATRO. COMEÇAMOS A ENSAIAR A PEÇA “SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO” DE SHAKESPEARE, NA QUAL O DIRETOR ME DEU O PAPEL DE MARMELO, UMA PERSONAGEM COM MUITAS FALAS, QUE ME FEZ ENTRAR EM PÂNICO SÓ DE PENSAR EM FAZÊ-LO, MAS COM O APOIO DOS AMIGOS CONSEGUI IR SUPERANDO O MEDO E MOSTRAR UMA CERTA, EMBORA QUE PEQUENA, SEGURANÇA.
DEPOIS DE MUITOS ENSAIOS, DE MUITAS LOCURAS DE TODOS NÓS, CHEGOU A NOITE DA ESTRÉIA. CHEGAMOS CEDO AO TEATRO, FIQUEI O DIA TODO ANDANDO DESCALÇO PELO CLUBE, ANDANDO NA CHUVA, CONVERSANDO COM OS COLEGAS E CAPTANDO ALGUMAS DICAS DO JÁ TARIMBADO LELIS. FIZEMOS UM ENSAIO RÁPIDO, DEPOIS FUI TOMAR BANHO E TAMBÉM TOMEI UM TRANQUILIZANTE, POIS ESTAVA MUITO TENSO. ANTES DE ABRIR AS CORTINAS FIZEMOS UMA ORAÇÃO, DEPOIS CANTAMOS E DANÇAMOS PARA LIBERAR O STRESS.
QUANDO A PEÇA COMEÇOU E EU OUVI O MEU NOME NA CHAMADA, MEU CORAÇÃO PARECIA QUE IA SAIR PELA BOCA. NO MOMENTO EM QUE PISEI NO PALCO, A PRIMEIRA FALA SAIU TRÊMULA, ACHAVA QUE NÃO IA CONSEGUIR CHEGAR ATÉ O FIM, MAS JÁ NA SEGUNDA FALA, COMECEI A RELAXAR E NÃO QUERIA SAIR MAIS DE CENA. NO FINAL DO ESPETÁCULO FOI SÓ FESTA, TUDO TINHA DADO CERTO, HAVIA SIDO UMA NOITE MÁGICA. DEPOIS DISSO NOS REENCONTRAMOS FAZENDO JURAS DE AMIZADE ETERNA E SE POSSÍVEL DE CONTINUARMOS NO PALCO.
SENTI UM ENORME VAZIO APÓS A PEÇA, SENTIA FALTA DOS COLEGAS, DE NOS FINAIS DE SEMANA SAIR PARA IR AO CURSO E TAMBÉM SENTIA FALTA DO MARMELO, ERA COMO SE EU TIVESSE PERDIDO UM PEDAÇO DE MIM, POIS EU O TINHA CRIADO COM MUITO CARINHO, COM MUITO TRABALHO. A COMPOSIÇÃO DO MARMELO FOI UM TRABALHO MUITO DOLORIDO, MAS GRATIFICANTE QUE JÁ NOS ÚLTIMOS ENSAIOS AS PESSOAS DIZIAM QUE EU ERA A CARA DELE, EMBORA EU ACHASSE ELE O OPOSTO DE MIM.
DURANTE OS DOIS MESES APÓS TER FEITO A PEÇA, PASSEI DA EUFORIA À DEPRESSÃO – FUI ASSISTIR NO MESMO TEATRO DO SESI A PEÇA PROFISSIONAL “AONDE ESTÁ VOCE AGORA” , INSPIRADA EM UMA CANÇÃO DE RENATO RUSSO, CHEGUEI TRES HORAS ANTES DO ESPETACULO E FIQUEI CONVERSANDO COM OS ATORES BRUNO SOBRAL E LUCIANO VIANA, QUE EU JÁ CONHECIA DA TEVÊ, E COM UM RAPAZ E DUAS MOÇAS DA PRODUÇÃO. ASSISTI AOS ENSAIOS, A COLOCAÇÃO DO SOM E DA LUZ, QUANDO A PEÇA COMEÇOU ME EMOCIONEI MUITO, POIS O TEXTO ERA MAGISTRAL, FOI UMA NOITE MÁGICA COMO A NOITE ANTERIOR EM QUE ESTREEI MINHA PEÇA.
APÓS ISSO VIAJEI DE FÉRIAS, FUI A PRAIA- FIZ LOUCURAS. FIQUEI DOIS MESES SEM CONTATO COM OS COLEGAS DO TEATRO, SOMENTE CONVERSEI POR TELEFONE COM O MARCONI, NESSE CURTO ESPAÇO DE TEMPO, ACHAVA QUE NÃO IRIA CONSEGUIR VIVER SEM O PALCO.
QUANDO PEDRO ME LIGOU CHAMANDO PARA FAZER OUTRO CURSO, ACHEI QUE NÃO AGUENTARIA DE TANTA EMOÇÃO, NOS REENCONTRAMOS, FOI UMA GRANDE FELICIDADE, MAS COMO NEM TUDO SÃO FLORES, INFELIZMENTE DOS VINTE INTEGRANTES DA COMPANHIA, SOMENTE SETE CONTINUARIAM O CURSO E ENTRE ELES, EU ESTAVA.
QUANDO COMEÇOU A ENTRAR GENTE NOVA NO GRUPO, COMECEI A ME SENTIR COLOCADO MEIO DE LADO, E TAMBÉM PERCEBI QUE AQUELE TIPO DE TEATRO COMERCIAL, REALMENTE NÃO ERA MINHA PRAIA E QUE EU ESTAVA ATRAPALHANDO.
ELES QUERIAM PEÇAS TIPO MALHAÇÃO, E EU QUERIA FAZER PEÇAS DE NELSON RODRIGUES.
JÁ ESTÁVAMOS ENSAIANDO A PEÇA “OS SOBREVIVENTES”, NA QUAL FARIA DOIS PERSONAGENS, QUANDO RESOLVI LARGAR A PEÇA, DE UMA FORMA MEIO AMARGA, POIS NÃO ME DESTAQUEI COMO NA OUTRA PEÇA.
MAS FICA NA LEMBRANÇA OS MOMENTOS LEGAIS, AS CONVERSAS QUE TIVE SOBRE TEATRO, OS AMIGOS(IRMÃOS) QUE FIZ, A EXPERIENCIA QUE GANHEI E ACHO QUE HOJE SOU MELHOR QUE ANTES. PRECISAVA DAQUELAS PESSOAS, PRECISAVA DAQUELA EXPERIENCIA, FOI UM MOMENTO ÚNICO, E QUE EU AGRADEÇO A DEUS POR TER ME CONCEDIDO A GRAÇA DESTA VIVENCIA.
QUE VENHAM OUTROS MOMENTOS E CADA VEZ MELHORES...
POIS ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE

AO FINAL DO TRABALHO FICA A SATISFAÇÃO DO DEVER CUMPRIDO, MAS FICA TAMBEM O VAZIO DE ALGO QUE FOI ÚNICO. 2002/2003.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Irritabilidade

Esses dias, estou brigando com Deus e o mundo. Meu namorado não decide o que quer. Estou sentindo dores horríveis e essa crise de abstinência terrível. Estou tentando acabar com alguns vícios e isso está me gerando uma ansiedade fora do normal. Andei brigando com pessoas que não merecia e falando coisas que não devia.
O ser humano é muito estranho, a forma de acabar com um sofrimento é ferimento nosso semelhante. Ou eu sou um ser humano nem um pouco evoluido e sou desse tipo que fere quem menos e merece e quem menos espera.
Vou roer as unhas, essa acho que é a forma mais saudável de livrar da ansiedade.
Até a próxima.